Greca diz que prefeitura pode comprar ônibus novos e criar linhas com frota pública

02/08/2017 - Diário do Transporte

Segundo Urbs, atualmente são mais de 400 ônibus circulando com idade superior a dez anos

De acordo prefeito de Curitiba, o impasse entre poder público e empresas de ônibus já reúne 35 ações judiciais

ADAMO BAZANI

O prefeito de Curitiba Rafael Greca fez uma visita surpresa na manhã desta quarta-feira, 2 de agosto de 2017, à Câmara Municipal e, entre outros temas, falou sobre o transporte coletivo.

Diante dos impasses para renovação da frota envolvendo inclusive ações judiciais, o prefeito disse que a administração pode ter uma frota pública para operar a ligação entre os terminais Santa Cândida e Pinheirinho. Outras linhas podem ser criadas.

O prefeito disse que, com o plano de recuperação de Curitiba, e a substituição dos débitos do IPSMC – Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Curitiba, o Tribunal de Contas concedeu certidão negativa à prefeitura. Com isso, segundo Greca, haverá possibilidade de financiar os ônibus.

“Não me move nenhuma simpatia por ninguém, o que me move é a vontade de servir Curitiba. Se [as empresas] não comprarem os ônibus e a Justiça permitir eu vou comprá-los e vou fazer funcionar essa cidade acima das dificuldades”,  – disse

As companhias de ônibus contestam os repasses por parte da Urbs – Urbanização de Curitiba S.A., gerenciadora do sistema.

Segundo as viações, a projeção da demanda por parte do poder público é maior do que a realmente apurada nas catracas. Como a fórmula atrela a remuneração a este componente, quanto mais pessoas forem transportadas, menor será o valor repassado por passageiro. Desta forma, as empresas dizem que, por usuário, recebem menos do que deveriam.

O impasse em relação à remuneração é antigo. Por causa da atuação situação, desde 2013, amparadas numa decisão judicial, as empresas de ônibus não renovam a frota.

O sistema tem hoje 426 ônibus com mais de dez anos de idade, o máximo permitido pelo contrato.

Este número aumenta a cada mês e, de acordo com previsão da Urbs, até o final de 2017 devem ser 529 ônibus com mais de 10 anos de operação.

Segundo Rafael Greca, a fonte de custeio para compra dos ônibus será justamente a diferença entre a tarifa técnica, ou seja, o que as empresas recebem por passageiro transportado e o que os usuários pagam na catraca. Esta diferença é de 27 centavos por pagante.

Hoje os passageiros desembolsam R$ 4,25 e as empresas ficam com R$ 3,98.

“Temos dinheiro para comprar ônibus, aguardamos o gravíssimo impasse das 35 ações que os empresários movem contra a prefeitura e a prefeitura contra empresários. Minhas mãos estão amarradas” – comentou

Greca ainda argumentou que se a justiça autorizar, a frota pública vai operar linhas alternativas às concedidas para as empresas.

“Mandei estudar uma linha independente do contrato, que funcione, do Pinheirinho, pela Linha Verde, até a Santa Cândida e de volta ao Pinheirinho, entrando, inclusive no território gerido pelas empresas Gulin” – discursou o prefeito.

Gulin é a família responsável por grande parte das empresas de ônibus que operam na cidade de Curitiba. A família Gulin também possui atuação em algumas companhias da região metropolitana, do interior do Paraná e de outras localidades, como Distrito Federal.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes