Liminar que impede aquisição de veículos emperra o Ligeirão Norte em Curitiba

26/06/2014 - Gazeta do Povo

Um dos grandes desafios de Curitiba para a mobilidade urbana é aumentar a capacidade e melhorar a qualidade do sistema de transporte coletivo. Desde 2011, a grande inovação foi a implantação do ligeirão, entre o Boqueirão e o Centro. A replicação do mesmo modelo para o eixo Norte-Sul, do Santa Cândida ao Portão, está "empacada". Isso porque as adequações de trajeto não foram concluídas e os ônibus novos não foram comprados. Mesmo sem data prevista para iniciar a operação do Ligeirão Norte, a cidade já vai começar uma nova fase de intervenções, desta vez no eixo Leste-Oeste, entre o bairro Campo Comprido e o município de Pinhais.

Para o Ligeirão Norte entrar em operação, o coordenador de mobilidade urbana do Ippuc, José Álvaro Twardowski, explica que dois aspectos precisam ser definidos. O primeiro está relacionado às paradas do ônibus no trecho entre a Praça do Japão e o Terminal Portão. O segundo é a aquisição da frota pelas empresas concessionárias do sistema.

Essa compra dos veículos é solicitada pela Urbs, que estimou a necessidade de 24 veículos para operar na linha, o que deve movimentar entre 50 e 80 mil passageiros por dia útil. O problema é que a aquisição não pode ser feita agora porque, desde outubro de 2013, uma liminar da Justiça suspendeu a obrigação de o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) comprar novos ônibus.

Na época, a liminar valia para a renovação da frota, que está estabelecida em contrato, mas a medida também vale para a expansão do número de veículos. Segundo a Urbs, para reverter esse impedimento, pode ser feito um acordo extrajudicial com as empresas. Porém, tanto Urbs quanto empresas não confirmam nenhuma negociação em curso. Quando o pedido puder ser feito, haverá um prazo de 60 dias para a compra dos ônibus.

Praça

Inicialmente, o Ligeirão Norte sairia do Terminal Santa Cândida e iria até a Praça do Japão, onde faria um retorno. No entanto, moradores da região se posicionaram contra qualquer intervenção na praça, o que obrigou o Ippuc a fazer uma nova proposta de itinerário.

Twardowski explica que a ultrapassagem dos ônibus poderá ser feita até a estação-tubo Bento Viana, ainda na Avenida Sete de Setembro, que passou pelas obras de desalinhamento. A partir desse ponto até o terminal do Portão, não serão feitas obras de alargamento ou desalinhamento das estações-tubo, já que o metrô passará por lá e substituirá o modal. "Esse trecho tem quatro quilômetros e precisaria ter uma ou duas estações para o ligeirão parar."

Essas estações ainda não foram definidas, mas só precisaria ser feito um investimento para uma possível ampliação. O ônibus retornaria do terminal do Portão, que poderia ter alguma obra para acertar a geometria e permitir que o ligeirão fizesse a volta. "O melhor local para o retorno é o terminal, porque tem demanda garantida. Isso é bom para a região, porque ali existem três grandes polos geradores de tráfego, os shoppings Total e Palladium e o Muffato", explica.

Reparos

Asfalto em duas avenidas precisam de reforço estrutural

Quem passa pelas avenidas Sete de Setembro e João Gualberto estranha o fato de o asfalto das canaletas, que passaram por obras recentemente, estarem sendo refeitos com tanta regularidade. De acordo com a assessoria da Secretaria de Obras de Curitiba, a razão para os reparos é de reforço estrutural.

No projeto original de desalinhamento, não foi prevista essa necessidade e, depois das obras de fresagem e recapeamento, ondulações se formaram na pista e exigiram o reforço. Na Sete de Setembro, que teve uma intervenção maior entre as ruas Coronel Dulcídio e Alferes Poli, as obras foram por conta da prefeitura. Já na João Gualberto, os reparos são feitos pela empreiteira.

Qualidade

Segundo a prefeitura, esses reparos não têm a ver com a qualidade do asfalto usado, mas sim com o peso dos veículos que trafegam ali, exigindo uma estrutura reforçada, com concreto na base.

Obras do eixo Leste-Oeste devem começar neste ano

Incluído no PAC 2, o aumento da capacidade do sistema BRT no eixo Leste-Oeste de Curitiba deve levar dois anos para ser concluído. A expectativa da prefeitura é licitar a primeira obra ainda neste ano. O trecho, que vai do CIC-Norte, na altura da Rua Eduardo Sprada, até o Terminal Pinhais, com ramificação para o bairro Centenário, foi dividido em dois trechos. A obra deve custar cerca de R$ 194,5 milhões, entre verbas do governo federal e contrapartida da prefeitura.

O coordenador de mobilidade urbana do Ippuc, José Álvaro Twardowski, explica que o trecho Leste, da Praça Rui Barbosa até Pinhais e o bairro Centenário, deve ter obras mais complexas e que envolvem outros órgãos, como a Comec e a prefeitura de Pinhais. Já no trecho Oeste, entre a Rui Barbosa e a Rua Eduardo Sprada, os projetos de intervenção estão mais definidos. No entanto, em toda a extensão das canaletas uma mesma troca poderá ser feita: sai o asfalto e entra o concreto rígido, que tem mais durabilidade.

Entre a Rua Eduardo Sprada e o Terminal Campina do Siqueira, há o estudo de implantação de uma nova estação, para atender a região do Campo Comprido. Entre o terminal e a Praça Rui Barbosa, haverá a troca de pavimento e uma mudança de paisagismo. "As estações vão ter um tratamento especial, com a reformulação das calçadas e das próprias estações, para que haja uma região acalmada no entorno", explica.

Convívio

Nas estações da Avenida Padre Anchieta, o plano é criar um ambiente de convívio adequado entre ônibus, carros, ciclistas e pedestres. Uma mudança é a rede elétrica, que passará a ser subterrânea. Os terminais do trecho também serão remodelados e ampliados, além de contar com bicicletários.

Confira as obras de ampliação da linha