Ônibus terão faixa exclusiva na Duque a partir de segunda

18/07/2010 - Jornal de Londrina - Douglas Lopes

Mudança repete reformulação adotada há três meses na rua Professor João Cândido; veículos não podem mais estacionar em trecho de pouco mais de um quilômetro

Começa a funcionar nesta segunda-feira a faixa exclusiva para ônibus e táxis em um trecho de 1.300 metros da Avenida Duque de Caxias (região central). A faixa começa no cruzamento com a Via Leste-Oeste e segue até um quarteirão após a Avenida Juscelino Kubitschek, no cruzamento com Rua Raposo Tavares. Assim como ocorreu com a Rua Professor João Cândido, em abril, a Duque de Caxias vai substituir a faixa da esquerda, então usada para o estacionamento de veículos e motos, para o tráfego de veículos, assim como a faixa central, enquanto a faixa da direita fica exclusiva para ônibus e táxis.

Entre 7 e 19 horas, de segunda a sexta, e entre 7 e 14 horas aos sábados, horário de maior tráfego, os motoristas deverão respeitar as novas regras. Após esse horário, a faixa da esquerda volta a ser usada para o estacionamento de veículos. Para suprir a perda da faixa de estacionamento, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) aumentou o número de vagas para veículos nas ruas laterais à Duque de Caxias. “Hoje temos 31 vagas nas vias laterais. Com a eliminação de uma faixa da Duque no horário de maior movimento, esse número vai saltar para 63 vagas nas ruas que cruzam a avenida”, explica Wilson Santos 
de Jesus, diretor de Trânsito da CMTU.

Além dessas mudanças, a companhia vai disponibilizar quatro vagas para idosos e quatro para deficientes que hoje não existem. O tempo de carga e descarga das ruas laterais foi esticado e funcionará durante o todo o horário comercial (das 7 às 18 horas) e não mais até meio-dia como ocorre atualmente.

Nem todos os donos de lojas na avenida concordam com a mudança. Olinda Celli, gerente de uma casa de massas, afirma que sua clientela utiliza as vagas apenas para pegar encomendas e não gasta mais do que “alguns minutinhos”. “Temos convênio com dois estacionamentos próximos, mas mesmo assim nossos clientes reclamam da distância, agora com essa mudança, as reclamações tendem a aumentar”, protesta Celli, que acha que vai ter o ponto prejudicado. “Acredito que para o comércio vai ser muito ruim, porque já é difícil estacionar na Duque de Caxias, agora então ficará pior”, diz Gislaine Ramos Moreira, dona de uma loja de móveis usados.

Outros disseram estar indiferentes à mudança. “Quase todas as vagas disponíveis hoje na Duque têm ‘donos’. Alguns comerciantes se consideram proprietários das vagas e caso algum outro comerciante ou até mesmo cliente estacione, eles pedem para que o veículo seja retirado imediatamente”, revela uma comerciante que preferiu ter seu nome preservado.

CMTU estuda expansão do serviço

O diretor de Trânsito da CMTU, Wilson Santos de Jesus, afirma que o órgão está fazendo um levantamento para que as faixas exclusivas sejam implantadas em outras vias de Londrina. “Hoje temos a Rua Professor João Cândido ligando a região sul à norte. A partir de segunda teremos a Avenida Duque de Caxias que vai ligar a região norte à sul. Agora estamos estudando a possibilidade de encontrar ruas e avenidas que possam fazer a ligação leste oeste”, afirma.

Entre algumas opções para a faixa exclusiva ele aponta as ruas Pará, Benjamin Constant e a Via Leste Oeste. Fora do eixo central a CMTU já estuda também a possibilidade de implantar faixas exclusivas na região norte de Londrina e em seguida nas demais regiões da cidade.

Comerciantes encontram alternativas para estacionar

A implantação da faixa exclusiva na Rua João Cândido gerou o protesto de muitos comerciantes, preocupados com o fim da faixa de estacionamento. Três meses depois a reclamação já é menor e ajudou a gerar alternativas para os comerciantes da Duque de Caxias. Entre elas está a criação de vagas de estacionamento dentro das lojas.

O comerciante Valdenir Turini viu nas mudanças a oportunidade de agregar um novo serviço e mais lucro para seu negócio. Dono de uma loja de material de construção, seu espaço era grande e comporta um estacionamento para até 15 vagas. “Agora vou ter meu estacionamento para clientes e também para quem vem até a Duque de Caxias.” Por hora/carro ele deve ganhar R$ 2,5.

Ainda conforme o comerciante, as vagas na Duque de Caxias eram consideradas até uma dor de cabeça. Ele lembra que depois do final da Zona Azul, os motoristas estacionavam de manhã e só voltavam no final do dia. “Assim, o cliente que procurava uma vaga não achava nunca e desistia de comprar algo na Duque de Caxias.”

Quem também já procura alternativa é a dona de uma loja de peças de motocicletas, Cristina Célia Andretta. Ela planeja acabar com a sala de recepção e a cozinha da loja para atender os motociclistas que chegam. Ao contrário de Turini, ela não está feliz com a mudança e até mesmo assinou um documento pedindo a interrupção da instalação. “Mas parece que não seremos atendidos então o jeito é se adaptar.”

Descarga ainda é problema na João Cândido

Três meses após a implementação da faixa exclusiva para ônibus e táxis na Rua Professor João Cândido e de muitas reclamações, principalmente por parte dos comerciantes, alguns donos de estabelecimentos entrevistados pelo JL afirmam que não perderam clientes. “O movimento para mim continua o mesmo de antes. A única dificuldade é quando precisamos descarregar mercadorias. Agora precisamos parar nas ruas próximas daqui e trazer tudo nas costas”, conta Luiz Carlos de Melo, dono de uma loja de bijuterias. Em outro comércio a reclamação foi a mesma: “Não temos onde estacionar o carro para descarregar nossas roupas”, reclama Camila Fága, gerente de uma loja de confecções na João Cândido. Se de um lado os comerciantes ainda têm do que reclamar, de outro os motoristas aprovam a modificação. “O trânsito agora flui, Antes era horrível, demorado”, conta Gisele Sanchez, comerciante.

Tráfego ágil e fim da competição com carros

O diretor do Metrolon (sindicato das empresas de transporte coletivo), Gildalmo Mendonça, afirma que o tempo do trajeto dos motoristas que trafegam pela Rua Professor João Cândido caiu até dez minutos em determinados horários. “O fluxo nessa via é muito intenso. Por dia 375 ônibus com 18 mil passageiros e 12 mil veículos com 14 mil passageiros passam pela João Cândido. Era uma necessidade que tínhamos de desafogar o trânsito ali.” O diretor de Trânsito da CMTU, Wilson de Jesus, defende a faixa exclusiva como uma solução para tráfego urbano. “É uma melhoria significativa que priorizou o sistema público de transporte coletivo utilizado por 150 mil pessoas”. E completa: “O resultado é superior à expectativa da época da implantação”. O diretor de Tráfego da empresa Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), Daniel Martins, também elogia a iniciativa na Rua João Cândido. Ele salienta que, agora, os motoristas têm mais tranquilidade em trafegar. “Agora não tem competição com os carros e eles trabalham com mais calma na hora de parar.”